Desta fonte sai salvaguarda: género e património cultural
Palavras-chave:
patrimônio cultural imaterial, marcadores sociais de gênero, políticas participativas, direitos humanosResumo
Este artigo propõe um debate sobre a ausência de marcadores sociais de gênero nas políticas de salvaguarda do patrimônio cultural imaterial (PIC), destacando alguns dos problemas daí decorrentes. Por meio de um breve histórico da abordagem de gênero nas políticas de Patrimônio Cultural Brasileiro e considerando as "Diretrizes Operacionais para a Implementação da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial" da UNESCO, discutimos a necessidade de ampliar as estratégias de produção de conhecimento sobre as condições de gênero, a fim de aprimorar a efetividade das ações de salvaguarda do patrimônio imaterial brasileiro, respeitando as noções coletivas de poder dos grupos e segmentos sociais que o detêm, evitando, assim, o etnocentrismo ocidental, ao mesmo tempo em que buscamos combater a reprodução de processos que estruturam a violência e a exclusão. A questão de gênero é abordada apenas recentemente pelas políticas de patrimônio imaterial, embora grande parte dos bens patrimoniais, principalmente na categoria conhecimento, apresentem mulheres como atores centrais nos processos de produção e reprodução cultural. Apresentamos, como estudos de caso, duas experiências de salvaguarda do patrimônio imaterial brasileiro — o Artesanato Baiano do Acarajé e os Saberes e Modos de Fazer Bonecas Ritxoko — para refletir sobre como o uso de marcadores e diagnósticos sociais de gênero pode contribuir para o aprimoramento da gestão dessa política pública. Dessa forma, esperamos contribuir com subsídios para aprimorar a implementação de ações integradas de identificação, reconhecimento e salvaguarda, considerando as especificidades de gênero dos segmentos e grupos sociais produtores do PCI.
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